Para se fazer uma boa campanha política é preciso paixão. Além de disposição para percorrer os 22 municípios do Estado e conversar com a população.
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB) lançou oficialmente a sua campanha neste final de semana.
Sempre da maneira que gosta, ou seja, gastando a sola de sapato pelas ruas das cidades acreanas e conversando diretamente com o eleitorado.
Apesar de ter sido a deputada federal mais votada nos dois mais recentes pleitos, Perpétua prefere usar um tênis ao salto alto para não ser surpreendida pelo destino.
Ritmo de campanha
A candidata à reeleição já colocou o pé na estrada. Tem percorrido todos os municípios acreanos falando dos seus dois mandatos na Câmara e mostrando o que ainda pretende fazer. “Estava doida para a campanha começar para poder andar.
Como das outras vezes colocamos a militância na rua e fizemos um grande arrastão em Rio Branco. Tudo com muita alegria e entusiasmo. Política tem que gostar e fazer com animação e alegria para a gente ganhar as pessoas para que eles também gostem da política”, declarou.
As batalhas cotidianas na Câmara
Indagada sobre o que deixou de fazer como parlamentar e o que gostaria de fazer numa eventual reeleição, Perpétua, responde: “me esforcei muito para acompanhar os problemas do Estado e estar junto do povo.
Quando vou conversando com as pessoas elas vão me lembrando das minhas ações. A luta pelos soldados da borracha, pelos funcionários da Funasa contaminados pelo DDT e a nossa insistência para que a Eletrobras trate o Acre com mais respeito e mais carinho para acabar com os apagões. Até na greve de ônibus de Rio Branco a gente se meteu.
Foi um mandato muito presente nas lutas do Estado”, revelou.
No entanto, numa guerra parlamentar sempre tem as batalhas perdidas. “Às vezes eu me sinto frustrada quando não consigo aprovar projetos importantes no Congresso. Aprovamos no primeiro turno a PEC 300. Me envolvi muito nisso porque acho que os policiais militares do Brasil tem que ganhar bem. Nós conseguimos levar os militares à Câmara e fizemos uma pressão. Depois me entreguei à valorização da profissão dos moto-taxistas porque não dá mais para tirá-los da rua. A gente ganhou porque fizemos pressão.
O Congresso, na maioria das vezes, funciona sob pressão. Não conseguimos por completo o reajuste dos soldados da borracha. Meu relatório foi aprovado na Comissão, mas faltou pressão no plenário. Não vou colocar os velhinhos dentro de um ônibus para ir à Brasília. Mas pretendo, num eventual próximo mandato, lutar muito para conseguir vencer essa questão. O meu próprio pai é soldado da borracha e me liga toda semana e diz: “minha filha cadê o meu aumento?
Será que vou morrer e não vou ver esse dinheiro?” Isso dói porque são 12 mil aposentados na Amazônia. Também ver o Ministério da Saúde não reconhecer os funcionários contaminados pelo DDT e ajudá-los é triste. Por outro lado, ainda tem muita coisa pela frente para lutar”, argumentou.
Reforma Política
A campanha tem perdido muito brilho pelas restrições impostas pela legislação eleitoral. Perpétua Almeida analisa a situação. “Vi uma fala do presidente Lula que concordo.
Ele disse que se arrepende muito de não ter investido e ajudado a construir uma reforma política no Brasil. Não dá mais para ficar assim. Se o Congresso não decidir e não legislar o judiciário acaba assumindo esse papel. Não pode ser dessa forma. É uma campanha com dificuldades por conta dos processos de proibições.
Queremos exercer o direito de estar na rua no dia-a-dia conversando com as pessoas e isso não pode. Por outro lado, a Justiça não dá conta de chegar naqueles que trocam o voto por favores. Precisamos melhorar. Acho que já foi um grande avanço a questão da Ficha Limpa. Estava na hora de colocar algumas regras para aqueles que acham que ‘comigo ninguém pode e meu dinheiro compra tudo’.
No entanto, o Congresso tem que reavaliar e fazer uma reforma política que garanta o fortalecimento dos partidos e represente a vontade popular. O cidadão vota no candidato e acaba que aquele voto acaba servindo para eleger tantos outros. Uma eleição tem que expressar melhor o que o eleitor realmente quer”, avaliou.
A disputa para ser a mais votada
Quando o assunto é se tornar tricampeã de votos à Câmara, Perpétua, prefere utilizar a prudência. “Tenho medo desse debate de ser a campeã de votos porque isso faz com que as pessoas entrem numa campanha de salto alto.
Não entro nessa. Começo uma campanha do zero como se não tivesse nenhum voto ainda. Abordo o máximo de pessoas e falo do meu mandato. Fui a deputa federal acreana mais votada em duas eleições e não posso reclamar de nada.
A confiança que o povo depositou em mim nenhum outro parlamentar ainda havia conseguido. Se acontecer de novo será o resultado de uma campanha. Mas não estou buscando isso, quero apenas a minha reeleição. Essa vaidade não é comigo. Tenho que chegar aos cidadãos mais humildes e aos que têm os maiores cargos. Tem gente que brinca e diz que peço voto até de manequim. Mas olho nos olhos das pessoas para falar das minhas propostas e dos mandatos que tive”, explicou.
A questão da votação de Dilma no Acre
Como a maioria da cúpula da FPA, Perpétua, também achou estranhas as porcentagens de intenções de votos para Dilma Rousseff (PT), no Acre, divulgada nas pesquisas. “Minha música de campanha fala na Dilma e nos majoritários da FPA.
Na política é preciso ter lado. O PCdoB está na aliança com a o Lula e a Dilma e nós vamos nessa campanha. Entendo que muita gente no Acre vá votar na Marina Silva (PV). É uma companheira nossa que precisa ser respeitada.
Gosto de ver a Marina disputando por ser uma acreana que se sacrificou na vida e está garantindo o seu espaço. Não consigo entender ainda o voto pró Serra dos acreanos. Tenho brigado com o PSDB no Congresso Nacional por causa da Zona Franca de Manaus.
Se dependesse dos tucanos sulistas já tinha acabado. O Serra e essa turma de empresá-rios paulistas acham que o Brasil é São Paulo e o resto que se vire. Então, não consigo ver porque os acreanos possam achar que essa turma poderá fazer alguma coisa por nós.
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que foi assinada pelo presidente Lula, teremos uma chance de concretizá-la se a Dilma for presidente. Com o Serra podem esquecer porque não vai querer dar vantagem nenhuma para nenhum outro Estado”, finalizou.
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