terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Viúva de Luís Carlos Prestes, entrega arquivo ao governo .

São 27 pastas que, para Maria Prestes, pertencem ao povo brasileiro.
Entre os papéis, há um relatório com nomes de supostos torturadores.

É aniversário do 'Velho'. Vou lá entregar as coisas dele". Dessa forma simples e direta Maria Prestes, viúva de Luís Carlos Prestes, se prepara para, na tarde desta terça-feira (3), entregar ao Arquivo Nacional 27 pastas com documentos pessoais e cartas do militante comunista com que conviveu por 40 anos e a quem amorosamente ainda chama de "O Velho". Nesta terça, Prestes completaria 114 anos.
A informação foi confirmada pelo Arquivo Nacional, que disse ainda, que haverá uma cerimônia para o recebimento dos documentos e alguns deles ficarão expostos ao público.
Segundo Maria, entre fotos, cartas e documentos está o “Relatório da IV Reunião Anual do Comitê de Solidariedade aos Revolucionários do Brasil”, de fevereiro de 1976, onde constam os nomes de 233 supostos torturadores.
Aos 81 anos, ela decidiu doar os documentos daquele que, segundo disse, foi perseguido por 60 anos por lutar por seus ideias de um futuro melhor.
"O Velho tinha uma vida pública e esse acervo pertence aaos historiadores e ao povo brasileiro, para que conheçam Prestes melhor", disse a viúva, lembrando que o marido, apesar de sua intensa militância política, era um homem que amava sua família.
"Ele não tinha só o lado político, tinha um lado humano, de bom pai, bom marido, que fazia questão de ter a família reunida no almoço e jantar", contou Maria.
Prestes teve nove filhos com ela, além de Anita Leocádia, filha que teve com Olga Benário, a primeira mulher. Ele teve também 24 netos e nove bisnetos.
Luís Carlos Prestes, conhecido como "O Cavaleiro da Esperança", quando liderou a coluna de rebeldes que por dois anos e cinco meses percorreu 25 mil quilômetros pelo país, nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 3 de janeiro de 1898. Morreu no Rio de Janeiro em 7 de março de 1990, aos 92 anos.
Em 1934, depois de uma temporada na antiga União Soviética, volta ao Brasil como clandestino acompanhado de Olga Benário, e começa sua militância no Partido Comunista.
Em março de 1936, Prestes foi preso e cumpriu pena de nove anos. Sua companheira Olga Benário, grávida, foi deportada e morreu numa câmara de gás num campo de concentração nazista.
Anita Leocádia Prestes nasceu em uma prisão na Alemanha, mas foi resgatada pela mãe de Prestes, após intensa campanha internacional.
Em 1951, Prestes uniu-se a Maria, ela mesma filha de um militante comunista, que passou por prisão e tortura.

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